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Difícil responder quem somos de fato, afinal ser assim ou "assado" tudo depende de onde estamos e com quem estamos. Juntar todos os meus "eus" dentro de uma única definição é o mesmo que tentar por um elefante dentro de uma caixa de fosfóro.

06/02/2012

Até quando a sociedade vai pregar a heteronormatividade?


Hoje resolvi escrever um "post" acerca da homoafetividade. Sinceramente acredito que a imagem por si só já nos diz muitas coisas, coisas estas que conforme a perspectiva em que se escolhe olhar seriam tão fáceis de serem solucionadas. Talvez você esteja se perguntando: Porque os sujeitos homoafetivos insistem em seguir uma orientação sexual alheia do padrão societal? Acionar o dispositivo para baixo ("not gay")seria tão fácil! Fácil? Fácil é o que as pessoas munidas de "ausência" de informação pensam, pois de acordo com minha ótica,se de fato, no centro de nossos corpos exista tal ferramenta, porque lutamos tanto em querer acioná-la? Apelar para o padrão heteronormativo chega a ser desumano na medida em que se passa a caracterizar o normal como patológico, sem-vergonhismo, encosto, falta de ter dado limite no decorrer da infância, ou até mesmo, de uma boa pegada de alguém do sexo oposto, dentre outras formas patéticas de se pensar gerada pelo preconceito ou pela total desconhecimento entorno da temática. Ativar tal dispositivo é a degradação da espécie humana, é anular o direito das pessoas serem de fato quem elas são, sem máscaras ou rótulos usufruídos para apenas contentar parte de uma sociedade desprovida de maiores esclarecimentos e cega pelo preconceito, sem se dar por conta que a linha que separa as fronteiras do normal e do patológico é tênue, e quase que imperceptível a olho nu uma vez que o normal e o patológico são frutos de um determinado povo, e consequentemente pode vir a ser interpretado de forma errônea por uma outra cultura. Afinal, porque nos relacionamos com pessoas? Por serem homo ou heteroafetivas? Antes de sermos identificados como homo, héteros, bissexuais ou por outra identidade de gênero,deveríamos ser reconhecidos como seres dotado de sentimentos, percepções, emoções e de uma subjetividade singular, a qual nos torna especiais e únicos diante da diversidade e da complexidade da vida. Como dizia a educadora e sexológa Cláudia Bomfim "ama-se pelo que o outro tem do lado de dentro e pelas sensações internas que o outro provoca dentro de nós e, no final é isso o que realmente importa". Concordo plenamente com sua feliz forma poética em que optou em declarar a etiologia do amor, e complemento relatando que ama-se pelo o que somos quando estou com o outro e pelo que o outro é quando conosco está. Amor é complementariedade de papéis; é a re-significação de uma vida em constante construção, amor se resume em amar pelo carinho, pelo afago, pela segurança que sentimos ao estar próximo daquela pessoa que nos faz tão bem, mesmo esta, estando a quilômetros de distância, amar é estar impregnado pelo desejo de cuidar e se sentir cuidado, é querer sentir o calor do resultado do encontro entre dois corpos sem se importar se a temperatura marca aproximadamente 20 ou 0°C, é ouvir atentamente as batidas do coração, é passar minutos a fio olhando um ao outro sem pronunciar se quer uma única palavra já que palavras passam a ser desnecessárias na medida em que um simples olhar é capaz de traduzir o inexplicável, assim sendo, não ama-se pelo pênis ou pela vagina, apesar destes órgãos serem considerados objetos de desejo, pois sexo nunca foi e nunca deverá ser considerado como o percursor fundamental de uma relação. Independentemente de sermos andro (homens) e/ou Gino (mulheres), somos seres livres e por assim ser, deveríamos ter a liberdade de manifestar nossos pensamentos conforme rege o inciso IV do art. 5° da Constituição Federal. Contudo, infelizmente não é o que se percebe em grande parte da população quando questionadas sobre a "decisão" do outro em que "optou" não "adotar" a heterossexualidade como sua orientação sexual, diante da desigualdade me pergunto: - Quantas vezes estes sujeitos terão que tentar justificar o injustificável? Ou ainda, terão que explicar ou se humilhar perante a grande maioria na esperança que estes compreendam o seu modo de ser? Por quanto tempo ainda atos homofóbicos continuaram a se repetir mundialmente até que se entenda por vez que ninguém opta por sua orientação sexual? Ninguém jamais iria optar em escolher ser alvo de críticas desconstrutivas, ou ter que viver quase que no anonimato para não ser confundido por um estuprador, um pedófilo, um assassino em série, e por aí se vai... Porque rejeitar tanto o amor entre duas almas que se amam? E ao mesmo tempo, vangloriar duas almas que se massacram em cima do "ring"? Infelizmente, em pleno século XXI, continuamos a viver em uma sociedade onde o ato de expressar qualquer afeto com um segundo indivíduo do mesmo sexo chega até a ser considerado uma "aberração", no entanto, no extremo oposto, ser frio e calculista com o outro é o que vai medir, e por em voga o grau de "masculinidade" de um determinado ser, nessa lógica subentende-se que quanto mais animalescos sermos com o nosso semelhante mais homens seremos. Que tamanha idiotice! O pior é que tenho a impressão deste índice estar crescendo.

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